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Semeando para colher bons frutos.
Data publicação 20/08/2015

Semeando para colher bons frutos.

Pelo conhecimento natural e experimental da vida, todos nós sabemos que para se colher algo é necessário semear, e que, aquilo que for semeado é que será colhido. Utilizando-se deste conhecimento comum, o apóstolo Paulo instrui às igrejas da Galácia, que ficavam numa região da Ásia Menor, a observarem a lei da semeadura, que de certa forma, poderia e pode ser aplicada a vida espiritual de cada cristão, em qualquer tempo.

Em defesa da doutrina da justificação pela fé, em sua carta ao Gálatas ele apresenta advertências contra a reversão ao judaísmo, obras da lei, mas também, enfatiza o perigo da libertinagem, obras da carne. Se por um lado, o cristão não seria salvo por suas obras, e sim pela Graça, não poderia o mesmo aproveitar da ocasião para dar lugar a carne e viver como alguém que não tivesse que prestar contas daquilo que faz. Deveria o cristão semear para a Vida, produzindo frutos, obras do Espírito.

Seguindo este raciocínio Paulo diz: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna.” (Gl 6.7,8)

Deve-se ressaltar que esta regra é válida não só para os membros da igreja daquele tempo, ou do nosso tempo; ela é válida para o mundo inteiro, em todos os tempos. Deus não pode ser (e de fato não é) escarnecido. Ele não permite que alguém faça pouco caso da sua Palavra e das exortações implícitas nela. Não lhe passará desapercebido que alguém dele zombe, despreze ou menospreze dizendo que ele está morto, ou que não exista. Pelo contrário, cada um será recompensado na proporção de suas obras, de suas ações.

Sendo assim, devemos sempre considerar e refletir nesta exortação do apóstolo Paulo e entendermos que semear para a carne significa deixar a velha natureza seguir o seu livre curso, produzindo frutos tais quais: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes a essas (Gl 5.19-21a NVI), colhendo desta semeadura morte em todos os aspectos. Por outro lado, semear para o Espírito significa deixar o próprio Espírito Santo seguir o seu livre curso, produzindo em nós o seu fruto que é: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22,23ª NVI), colhendo desta semeadura vida em todos os aspectos. Aquele que se enquadra no último semear está caminhando pelo Espírito (Gl 5.6), e está sendo dirigido por Ele (5.18).

Ao analisar a sua vida, suas ações e reações, você poderia dizer que está a semear para quem? Para a carne, ou para o Espírito? Quais frutos você tem colhido, frutos bons, ou frutos maus?

O texto traz dois termos para qualificar a colheita – “corrupção” e “vida eterna”. Esses termos se referem a resultados da semeadura da vida, que apresentam seus efeitos no presente, mas principalmente no porvir. Aquele que viveu semeando para a satisfação de sua carne, da lavoura da carne colherá destruição, ruina total. A expressão “corrupção” aqui, longe está de se referir ao aniquilamento, significa sim, eterna destruição, sofrimento eterno, vergonha eterna (2 Ts 1.9; Dn 12.2; Mc 9.48), situação que é igualada a um verme que não morre e um fogo que não se apaga, trazendo dor e juízo. Entretanto, para aquele que viveu semeando para agradar ao Espírito de Deus, tendo que na maior parte do tempo, negar a si mesmo, fazendo sua natureza humana morrer, renunciando aos desejos e busca por autossatisfação, esse, da lavoura do Espírito, colherá vida eterna. A expressão “vida eterna” forma neste texto um chocante contraste com a anterior, pois ser refere a algo que resplandecerá cada vez mais, sem ter fim, como o fulgor do firmamento (Dn 12.3), glória infinda. Pois, aquele que semeia para colher frutos bons, levará em si, cada dia mais a imagem do celestial (I Co 15.49; 2 Co 3.18), de glória em glória se tornará mais e mais semelhante a Cristo.

Pense nisso, dedique-se a semear para o Espírito. Às vezes, você sairá andando e chorando enquanto semeia, mas por fim, voltará com júbilo trazendo os seus feixes (Sl 126.6). Como conclui Paulo: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos... Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé” (Gl 6.9,10).

 

Rev. Silvino da Cunha Dias